HISTÓRIAS DA VIDA: QUANDO É PARA SER...
Olá pessoal! Tudo bem?
Eu estava morrendo de saudade do quadro "Histórias da Vida", onde eu trago para vocês relatos de pessoas com histórias super bacanas!
Hoje é a vez da Érika, minha amiga pessoal e mãe da linda Lis! O sonho dela era ter um parto humanizado, mas nos 45 do segundo tempo parecia que nada funcionaria como ela planejava!!!
Ter filhos sempre foi um sonho, eu e meu marido conversamos
muito sobre engravidar, sobre o momento que estávamos e sobre os desafios que
iríamos enfrentar, e tcharam ... em pouco meses estávamos fazendo o teste de
farmácia pela terceira vez para ver se os dois risquinhos eram verdadeiros
mesmo.
Tive uma gestação maravilhosa, engordei pouco, fiz
exercícios físicos até o último dia, estávamos felizes da vida esperando pela
nossa pequena. Mas desde a minha primeira consulta pré-natal, uma insegurança
sobre o meu parto pairava no ar, minha primeira médica (primeira, porque eu
tive 3), não gostava muito de falar sobre isso, me dizia que era muito cedo, as
semanas passavam e nada de chegar o “grande dia” de falar sobre o meu parto. Nunca
escondi a minha imensa vontade, preparação física e psicológica para um parto
normal, porém esse dia nunca chegou, com 26 semana de gestação resolvi buscar
outro profissional. Desta vez, eu tinha ótimas referências, fui na primeira
consulta e encontrei uma médica muito franca, direto ao ponto e que foi
taxativa em me dizer que não agendava partos, que faria cesárea somente se
fosse necessário. Com 28 semanas ela me afastou do trabalho, me disse que eu
estava com contrações anormais e que eu corria o risco de um parto prematuro.
Fiz repouso, tomei as medicações indicadas, porém me sentia ótima, não estava
entendendo o “resguardo”, mas acatei. (Hoje sei que essas contrações são normais,
chamadas de contrações de treinamento e eu não precisava de nenhum medicamento).
A partir das 36 semanas, as conversas mudaram, a frase “hhhmmmmm estamos
caminhando para uma cesárea” era iminente, cada dia era um motivo: colo do
útero grosso (?), osso da bacia estreito (?), cordão cervical, até que com 38
semanas, durante o exame de toque, ela foi tão, mas tão grosseira (na frente do
meu marido, que ficou horrorizado) que eu tive sangramentos devido ao exame de
toque, me senti invadida, agredida, e muito frágil. E com 39 semanas chegou o
“ultimato”, que foi dito da seguinte forma ... “olha você não tem condições
mesmo de ter um parto normal, esse bebê está muito alto, caso você queira
esperar você terá que procurar outro médico porque eu não assino embaixo”. Sim,
ouvimos isso com 39 semanas de gestação! Ficamos sem ar, não queríamos fazer
uma cesárea. Eu não sou radical e não “jogo” para nenhum time, mas ao contrário
que os obstetras dizem, a cesárea é um processo cirúrgico e eu gostaria de
fazê-lo caso sua necessidade fosse comprovada.
Saímos da consulta e através da Jú (essa mesmo do blog =)),
chegamos à clínica de parto humanizado, onde no mesmo dia fomos atendidos pelo
médico, que para mim é um anjo em forma de gente. Fomos finalmente acolhidos,
desde as secretárias, copeiras e todos que passavam pela sala de espera com um
sorriso rosto. Entramos para a nossa consulta, com uma pasta lotada de
ultrassons, exames de sangue e o coração apertado.... Com muito bom humor o Dr.
Alberto perguntou da nossa vida, nossa família, de como foi minha gestação e
gentilmente pediu para me examinar, no final da consulta ele falou para a gente
que eu teria tudo para ter um parto normal e que independente da nossa decisão:
“tenham um bom parto”. Saímos de lá com o nosso “programa de parto”
assinado.
Três dias depois, por volta da 1:30 da manhã senti a
primeira contração (achei que era dor de barriga e voltei a dormir), 4:30 da
manhã, senti a mesma “dor de barriga”, fui ao banheiro e perdi o famoso “tampão
mucoso”, (claro que como toda mãe de primeira viagem, entrei no google para ver
como era o tal tampão mesmo, aliás ... fiquei sabendo que ele existia pelos
artigos que eu li, nenhum obstetra falou dele pra mim), entrei em contato com a
equipe do parto ( as 4:30 da manhã) e esperei as contrações ritmarem, isso
ocorreu por volta das 9 da manhã. Eu estava tão feliz, tão plena, tão
anestesiada que eu só senti algo parecido quando eu me casei, a hora que eu
ouvi a marcha nupcial e as portas se abrindo ... eu estava forte, decidida e
imensamente feliz, me sentindo linda! (Ahhh é mesmo, as contrações doíam, uma
dor aguda de alguns segundos e que sumiam completamente).
Pegamos o carro e fomos para clínica, no primeiro exame de
toque feito pela obstetriz, 6 cm de dilatação (e eu, pobre coitada, perguntei
qual era a dilatação máxima, porque também não tinha sido informada sobre isso
pelas minhas duas outras médicas), depois que soube que o máximo era 10,
pensei: UAU!
E assim eu considero que começou meu trabalho de parto, as
contrações ritmaram, fiquei com o meu marido e minha mãe na clínica, sentindo
minhas contrações e conversando com eles, fiz escalda-pés, fiquei na bola de
pilates, comi (menos do que eu deveria e poderia), a doula ensinou meu marido a
fazer massagem em mim durante as contrações e finalmente, por volta das 16:00
minha bolsa estourou!
Fomos para o hospital e como na cena dos filmes (os filmes
americanos, pois os brasileiros só mostram aquela mulher gritando ensanguentada
e sofrendo), já me colocaram na cadeira de rodas e me levaram para a avaliação
e naquele momento chegamos aos 9 dedos de dilatação e muitas, mas muitas
contrações ... mas no meio de tanta emoção, o que são as contrações?
Chegou o momento do maravilhoso show da vida. Meu marido foi
chamado às pressas enquanto dava entrada nos meus documentos, ele precisava
participar de tudo! Estava deitada na maca, quando o Dr. Alberto chegou...
deixou a sala a meia luz, ligou o rádio e desligou aquele ar condicionado
congelante, durante nossa breve conversa eu senti vontade de me abaixar, foi um
espasmo, e assim entramos no ritmo da Lis para vir ao mundo, quando a contração
vinha eu me abaixava, quando ela passava o meu marido me levantava, pensei em
desistir, eu estava cansada, mas era o exato momento da minha bebê “estrelar”
aqui fora , eu só me lembro do meu marido sussurrar no meu ouvido “não desiste
amor, abre o olho, está todo mundo esperando a nossa bebê” , abri o olho e vi a
equipe toda preparada, tomei fôlego e prometi que seria o último, soltei 3 ou 4
gritos e fiz muita força e lá estava minha pequena, diretamente para os meus
braços e do meu marido, aqueles olhinhos pretinhos olhando pra mim e a sua
mãozinha pequenina no meu dedo, jamais esquecerei o abraço triplo que demos,
antes o casal, agora a família. Ahh !! E
a “dor do parto”? As contrações? O sangueeeee? Passaram.
Fui para a recuperação, estava ótima, queria tomar banho e
jantar... fisicamente cansada, assim como meu marido, porque aquele foi o NOSSO
parto, trabalhamos juntos, sentimos tudo junto, pegamos nossa bebê juntos. O
parto foi determinante para nós, foi o começo da nossa família como um grande
time, onde todos se ajudam.
Atualmente, batalhar pelo que acreditamos é um ato
revolucionário, que às vezes custa mais do que o planejado, as vezes assusta
mais do que o bicho papão com o chupa cabra, mas quem manda no nosso corpo
somos nós, uma família feliz faz crianças felizes e em um time que trabalha
junto a vitória é garantida e o fracasso divido em pequenas doses. Ter o
domínio do meu corpo, a superação do medo e a força de não desistir só
aconteceu pois eu tive muito apoio do meu marido e da família, na realidade que
vivemos hoje, essa violência contra a saúde da mulher e do bebê faz parte do
dia a dia, considero a luta para a humanização do parto um ato revolucionário,
anti - cultural e feminista, pois ser mãe é um barato e a natureza é perfeita.
E com a ajudinha de fé nada é impossível!
Pera que caiu uma lágrima aqui...
Mesmo já sabendo de toda história eu me emocionei gente! Não foi lindo? E é claro que minha felicidade aumenta em saber que pude indicar a tempo ótimos profissionais que a acompanharam nesse momento tão especial!!!!
Érika, muito obrigada por compartilhar sua história, tenho certeza que inspirará muitas mamães!
Beijos!!
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